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Porto, Abril de 1974
O MFA estava a esvaziar as instalações. Tinham chegado à capela e há que remover os santos e as santas. A tarefa coube ao cabo Pinheiro, que logo se viu rodeado de populares. A velhota foi a que teve a observação mais acertada: " Mas que malandros! Torturavam as pessoas e depois iam rezar à Nossa Senhora".
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30 de Abril, Aeroporto de Lisboa
Eu cheguei a Lisboa na manhã do dia 30 de Abril, no primeiro avião que saiu de Montreal, após o espaço aéreo português ter sido aberto.
Nessa manhã deambulei por Lisboa e, depois regressei ao aeroporto para assistir à chegada do avião da Air France que trazia os primeiros exilados de França, incluindo o Alvaro Cunhal.
Fotografei o que pude, em péssimas condições de luz, sem flash, aos encontrões.
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Lisboa, Abril de 1974
A Armada na Baixa de Lisboa:
A Armada na Baixa de Lisboa:
As jornalistas usavam um cravo na lapela, agora há jornalistas muito british que usam faca na liga para entrevistarem políticos de que não gostam:
Manifestação de boas-vindas a Álvaro Cunhal:
Confraternizxação com marinheiros à porta da Vanda:
O ABC a subir para a Chaimite:
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Porto, 1 de Maio de 1974
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Zeca Afonso no Canadá
O derrube da ditadura salazarista teve também uma enorme repercussão na comunidade portuguesa de Montreal, onde existia o Movimento Democrático Português, organismo independente, que reagrupava os oposicionistas ao regime.
Zeca Afonso e o escritor Urbano Tavares Rodrigues foram convidados a deslocar-se a Montreal para, entre canções e palestras, darem a conhecer à comunidade as novas do Portugal Novo.
Como se dizia na altura: “ O povo unido, dentro e fora do país”
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Visita de Salgueiro Maia e de uma delegação do PS ao Canadá:
O “Orgulhosamente sós” tendo sido, finalmente, rompido, delegações partidárias
e membros do MFA espalharam-se por todos os cantos do mundo aonde havia
portugueses.
Montreal e Toronto acolheram uma delegação de membros do PS que incluía o mais famoso capitão de Abril, Salgueiro Maia.
Desta visita ressaltou uma nota curiosa, que não escapou aos observadores mais afoitos.
O Partido Socialista não conseguia esconder receios relativamente aos militares, mesmo que estes tenham derrubado a ditadura. Eram deveras cautelosos nas palavras e não se sentiam à vontade na presença do capitão.
Por seu lado, Salgueiro Maia, totalmente à vontade, desenvolto e de palavra fácil, mostrava que as ideias que defendia eram muito mais progressistas que as dos seus companheiros de viagem…
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Vista de Mário Soares a Otava:
Mário Soares, na sua qualidade de MNE, desloca-se a Otava
para participar numa reunião da OTAN e, como passou a ser usual, teve um
encontro com a comunidade portuguesa.
Muitos dos presentes exigiam que fossem tomadas medidas
contra a diplomacia portuguesa, que sempre pactuou com o regime ditatorial.
Gritos e apupos eram lançados contra o embaixador e um dos mais veementes acusadores
era o próprio motorista da embaixada…
Mário Soares veio a terreiro defender os diplomatas,
afirmando que o momento não era para saneamentos, mas sim para a concórdia
entre todos os portugueses.
Como diz o ditado “quem o inimigo poupa, às mãos lhe morre!”
. De todos os diplomatas portugueses só houve 4 embaixadores que aderiram, de
imediato, à Revolução dos Cravos. De memória, cito 2 deles: Futscher Pereira
(pai) e Gaspar da Silva. Todos os outros converteram-se em “democratas” não por
convicção mas porque não tinham mais nenhuma opção.
Razão tinha Manuel Serra, chefe de gabinete de Raul Rego,
quando sugeria que os diplomatas fossem todos chamados a Lisboa e aí mantê-los
sossegadinhos, para que não prejudicassem a implantação do sistema democrático.
Muito mais tarde, veio a saber-se que o encontro com Mário
Soares estava, afinal, agendado com Rui Patrício, MNE do governo de Marcelo
Caetano. Derrubado o governo, os caciques organizadores, viraram o bico ao
prego e há que se adaptar aos novos ventos que sopravam de Lisboa.
O mais vil oportunismo está sempre presente na sociedade
portuguesa…
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